Parte de uma excursão pelo estrangeiro, saiba tudo sobre o primeiro confronto entre o time rubro-negro e a equipe tunisiana, datado de 22 anos atrás.

Como se sabe, o time do Flamengo estreia no Super Mundial no próximo dia 16 de junho, segunda-feira, contra o Espérance da Tunísia.

O que pouco gente sabe, ou lembra, é que esse não é um momento inédito na história do Mengão.

O time do Flamengo já enfrentou a equipe do norte da África em 1993, em uma ação que hoje seria considerada um “rolê aleatório”, já que envolveria não só viagens ao exterior, num retorno as famigeradas excursões de times tupiniquins a lugar longínquis, até o envolvimento do Rei do Futebol, Pelé, que “patrocinou” essa empreitada.

Daremos mais detalhes a seguir.

Quando aconteceu

A partida ocorreu em agosto de 1993, em virtude do título do Campeonato Brasileiro que Junior “Capacete” – o atual comentarista da Globo, Junior Maestro – ganhou em 1992 com o Flamengo.

O rubro-negro era um dos times mais requisitados do futebol brasileiro, mas também estava em uma situação financeria bem diferente da atual, por isso, acabou participando de uma série de jogos a fim de arrecadar verba, inclusive esse, contra o Espérance Sportive de Tunis, no dia 8 de agosto de 1993.

O time vivia um momento de transição, prestes a perder uma das maiores gerações de craques revelados na Gávea pós era-Zico.

A questão relacionada a essa geração geraria um artigo à parte. Quem sabe não exploraremos ela mais tarde.

O scretch rubro-negro

Sobre o time de 1993, havia uma mescla entre figuras experientes, como Júnior Capacete, Walter Casagrande Júnior e Renato Portaluppi (o Renato Gaúcho) que estava em sua terceira passagem pelo Mengão.

Já do lado dos jovens promissores estavam o zagueiro Júnior Baiano, também Marquinhos, Marcelinho Carioca, Paulo Nunes e Djalminha.

Desses garotos, a maioria pouco jogou no Flamengo. Baiano foi a exceção, embora tenha brilhado também fora do Mengão, já que jogou no Palmeiras, no São Paulo de Telê Santana, no Vasco e ainda disputou a Copa de 1998.

Paulo Nunes brilharia no Porco e no Grêmio, se tornaria até algoz do Flamengo, Djalminha foi o maior desperdício desse elenco, já que sendo subutilizado no Flamengo, foi negociado ao Guarani depois de uma briga feia com Renato Gaúcho.

Anos depois iria para a Espanha, para se tornar um craque de indiscutível qualidade. Um dia, quem sabe, contaremos sobre sua trajetória em mais detalhes, também nesse Voz do Ninho e no canal do YouTube.

Marcelinho também jogou na Espanha, no Valencia, mas virou ídolo mesmo no Corinthians, tanto que muitos torcedores consideram ele o maior da história do time. Em suas andanças, também parou e brilhou no Vasco da Gama.

Marquinhos iria para vários clubes, destacado especialmente no Palmeiras. Disputou também a Copa América de 1993 pela seleção brasileira e eventualmente, faria parte do elenco de Masters do Flamengo.

A união com a “Pelé Sports & Marketing”

Como sinalizamos antes, o Flamengo passava por uma crise de capital, uma penúria financeira bem diferente do momento atual, onde há bonança dentro e fora de campo, sem grandes riscos financeiro, com dinheiro sobrando na Gávea.

Como o time presidido por Luis Augusto Veloso tinha complicações em arrecadar dinheiro – vivendo o que para muitos, era a maior dificuldade financeira de sua história até então – resolveu fechar um contrato de quatro anos, com a empresa do Rei do futebol.

Pelé resolveu investir em marketing e em 1993, o Flamengo se tornou um dos seus alvos.

Vale lembrar que o Rei já utilizou a camisa do Mais Querido, como visto na foto acima. Ele fazia isso eventualmente, é um tópico até para se explorar no futuro.

Os valores

A Pelé Sports & Marketing – que depois, se tornaria apenas Pelé Sports – fez um adiantamento de verba de módicos 300 mil dólares, para os combalidos cofres do time da Gávea.

Essa quantia vista hoje chega a ser risível, já que mal paga o salário de alguns dos atletas do elenco atual, mas na época era uma soma considerável.

Dito isso, vale ressaltar em tom de desambiguação que em 1993, diferente do que ocorreria em 1995 na operação de trazer Romário ao Flamengo, o dólar e a moeda brasileira não estavam em paridade de um para um.

O Real como moeda só de fato implementado como método negociação nacional em julho de 1994. Era outra época…

O acordo

A Pelé Sports & Marketing teria direito de explorar a imagem esportiva do Flamengo, com potencial calculado em até 2 milhões por ano, segundo estudos e anúncios da própria companhia.

Eles se comprometeriam a marcar pelo menos cinco amistosos internacionais, a 35 mil dólares cada. Também seria responsável por negociar os direitos de televisão do Flamengo.

Abaixo, matéria da época, veiculada na Rede Globo, com Tino Marcos:

Vale lembrar que a empresa do Rei fazia o mesmo serviço com o Atlético de Madrid e com a Liga Japonesa de Futebol.

A parceria acabaria mal, com o Atleta do Século processando o clube, cobrando mais de 20 milhões de reais. A empresa do Rei do Futebol dizia ter negociado os direitos da extinta Copa Mercosul, que seria vencida pelo Flamengo em 1998. A ação judicial foi extinta em 2020.

A excursão

A jornada rumo ao “território gringo” incluiu visitas a Europa e África. No Velho Continente, jogou contra o Club Brugge da Bélgica, perdendo para esse. Também empatou contra os italianos Genoa e Milan e venceu o Napoli.

Já contra o Espérance, o Flamengo acabou vencendo, levando para casa até um pequeno troféu.

O time comandado por Evaristo de Macedo foi a campo com Adriano no gol, defesa formada por Fabio Baiano, Júnior Baiano, Rogério e Piá, Júnior entrou no lugar desse último. O meio campo tinha Fabinho, Marquinhos e Luís Antonio, no ataque, Casão, Marcelinho – Índio entrou em seu lugar – e Nélio, que foi trocado por Magno.

Tradução: Esperança

Um fato curioso ocorreu da parte dos veículos que seguiam o Flamengo é que se optou por chamar o time do mediterrâneo do norte africano de Esperança e não Espérance, como é o nome do clube.

É evidente que o mundo não é como na atualidade, a globalização engatinhava perto do que viria a se tornar hoje, por isso, a tradução pareceu uma alternativa natural.

O gol de Marcelo

O jogo foi um bocado monótono e fraco. Até o lance do gol foi bastante “peculiar”. O camisa 7 Marcelinho, que ainda não era chamado de Marcelinho Carioca (afinal, era natural do Rio e trabalhava numa equipe carioca, não precisando ser distinto como tal) fez o gol quase que por acaso.

Sem grande esforço, o jogador cabeceou a bola fracamente, que entrou devagarinho nas redes tunisianas.

O goleiro estava mal posicionado e aparentemente, não parecia levar fé que a bola estava indo rumo ao gol, tanto que andou de maneira vagarosa para o centro da meta.

Ou foi isso ou o guarda-metas não tinha tanta experiência com futebol profissional e mais pegado, como era o praticado no Brasil.

Abaixo da crítica

Segunda a crônica da época – em especial o jornal O Globo – a exibição da equipe de Evaristo não foi boa. Fora o gol de Marcelo, houve também um gol anulado, de Júnior Baiano.

Agora, em 2025, se espera que o Flamengo vença e vença bem o Espérance da Tunísia, já que entre ele, o britânico Chelsea e o estadunidense Los Angeles FC, certamente a equipe de Túnis é a com menos investimento e com menos talento em campo.

Em breve voltamos com mais informações, análises e curiosidades.

Vamos Flamengo!