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    Opinião | Gabigol ainda pode ser útil, principalmente no meio campo, caso ele tenha gana

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    Não é novidade para ninguém que Gabriel Barbosa, aka Gabi, aka Gabigol, aka Lil Gabi não está jogando praticamente nada pelo time do Flamengo. Isso já faz algum tempo, há um ano e meio (e contando) ao menos em uma análise rápida e um tanto “preguiçosa”.

    Possibilidades e motivos para isso não faltam, mas um que é pouco discutido tanto em meio a crítica jornalística quanto na torcida é o posicionamento de Gabi em campo.

    Para Gabriel jogar como “nove” é preciso ter presença de área, arranque e finalização, artigos esses em falta nos últimos 16 meses recentes, exceção é claro nos últimos momentos em que ele jogou ao lado de Pedro, no começo do ano e não no lugar do atual artilheiro do time.

    No entanto, Gabigol goza de uma idolatria quase indiscutível e merecida, pudera, fez gol em três finais de Libertadores, é o artilheiro do time no quesito decisões finais, superando até o Galinho de Quintino Arthur Antunes Coimbra, o Zico.

    Momentos como a suspensão por se recusar a aderir ao exame antidoping, o fato de ter flertado com a torcida do Corinthians em um podcast famoso e o famigerado episódio dele vestindo a camisa do rival alvinegro paulista arranharam parte da idolatria que ele tinha com a torcida, fazendo dele ou um ídolo discutível ou alguém criticável, de maneira merecida, diga-se.

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    Imagem: Reprodução

    Quatro em cada cinco flamenguistas são fãs dele, números esses contestáveis, tirados basicamente de discussões em mesas de bar, grupos de whatsapp e rinhas nas redes sociais.

    Hipérboles à parte, fato é que antes mesmo desses momentos já havia um grave problema com Gabriel, que vai bem além da suposta rivalidade que ele teria com Adenor Bachi, o treinador da equipe principal Tite, que até 2022, comandava a seleção canarinho.

    Fato é que o ano de 2023 de Gabriel foi horrendo. Para além da chegada do ex-técnico do Brasil, que o subutilizou na época em que ele era de fato o melhor jogador em território brasileiro.

    Gabriel foi preterido muitas vezes por Tite na seleção, mas não foi Adenor que o colocou no banco do Fla.

    Ele foi barrado pelo português Vitor Pereira, muito antes de sequer cogitarem Bachi no comando do Mengão.

    No regime de revezamento que VP instaurava, ele ficava no banco eventualmente, cedendo vaga para Everton Cebolinha, que aliás, se mostrou tão útil que virou titularíssimo no final do ano passado na gestão Tite, não saindo praticamente nunca mais, exceto quando machucado ou suspenso.

    Com Jorge Sampaoli ele também perdeu vaga, mesmo que tenha sido forçosamente trazido ao time titular na final da Copa do Brasil contra o São Paulo, sendo escalado em um 4-3-3 tacanho, onde jogava mais aberto, junto a Bruno Henrique e Pedro, que é indiscutivelmente o jogador mais regular do ataque nos últimos dois anos, visto que quase nunca se lesiona, além de ter tido ano passado o recorde de gols com a camisa do Flamengo, fazendo 39 gols.

    Vale lembrar que BH voltou tão bem que, em alguns momentos, se tornou o principal jogador do Flamengo, especialmente na vitória sobre o Botafogo, no Engenhão, data essa que marcou o início da derrocada e vexame do Botinha.

    Fato é que Sampaoli achou um time com um ataque formado por BH e Pedro, normalmente. O maior exemplo disso foi a já citada vitória sobre o então líder do Brasileiro, no jogo que talvez tenha sido top 3 da curta passagem do argentino no time.

    Ali, jogou Bruno (melhor jogador em campo) e Pedro. Sampaoli percebeu que Gabriel não vinha bem.

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    Foto: André Durão

    Curiosamente há uma noção muito boa e madura de Gabriel a respeito dos treinadores que passaram pelo Flamengo, inclusive os que barraram ele.

    Não há nenhuma crítica pública do jogador sobre VP ou Sampaoli (por exemplo) ao contrário, ele elogia praticamente todos. No mesmo episódio do Podpah – onde ele pateticamente acenou para a torcida corintiana – ele comenta bem, tanto sobre o português que assumiu o time pós Dorival Júnior, como fala bem do argentino.

    Gabi inclusive diz que achava que o argentino invocado tinha tudo para funcionar no Flamengo, já que era obcecado pela vitória e taticamente inquieto.

    Seus comentários a respeito de Renato Gaúcho e Paulo Sousa também são fraternos e carinhosos. Com Rogério Ceni ele é ainda mais vocal ao sinalizar que gosta do profissional.

    Todos os treinadores criticados pela torcida e eventualmente cornetados por ex-atletas como Filipe Luís no Charla Podcast (onde ele foi muito mal, diga-se, mas isso é outro assunto…) foram poupados ou elogiados por Gabriel Barbosa.

    No entanto, parte da crise com Gabigol começou exatamente em uma declaração pública, explanando uma conversa interna com VP, após a primeira partida da decisão do Campeona Carioca, onde ele disse que gostaria de disputar posição com Pedro, pela “centro-avância” do time, mesmo que JAMAIS tenha exercido essa função de maneira clássica.

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    Imagem: reprodução @ESPN, foto de Maga Jr/Agência F8/Gazeta Press

    É FATO que Gabriel jogava livre no Flamengo, como Neymar jogava na seleção, guardadas proporções devidas, claro.

    No Santos, ele servia um veterano Ricardo Oliveira, na primeira passagem. Na segunda, jogava mais solto. No Flamengo a camisa 9 era dele mas Gabigol revezava a presença na área com Bruno Henrique e fazia isso muito bem.

    A função tática de Pedro é absurdamente diferente da que Gabriel SEMPRE desempenhou pelo Flamengo.

    Ainda assim há quem defenda que ele deveria brigar para barrar Pedro. O ex-artilheiro Romário falou algo nesse sentido uma vez, que ele deveria jogar mais próximo do gol.

    No entanto, pelo momento, fica claro que qualquer rivalidade com Pedro é absolutamente sem sentido.

    Pedro é o jogador mais decisivo do Flamengo atualmente. A concorrência com ele é desleal, ainda mais para Gabriel, que não vem jogando bem há tempos.

    Os últimos bons momentos de Gabi não foram exatamente em 2022. Quem fala isso normalmente ou é preguiçoso ou tem pouca memória do início do ano de 2023.

    Gabi jogou bem contra o Palmeiras, na decisão da Supercopa do Brasil. Ali ele jogou como estava com Dorival, em uma faixa anterior a posição fixa na área, buscando o jogo e entregando bolas para Pedro.

    É bem natural que ele tenha ficado triste em 2022, por ter jogado o fino da bola, por ter se “sacrificado” em uma posição diferente, em que não era o homem gol necessariamente – embora, reforço, JAMAIS TENHA SIDO UM CENTRO-AVANTE CLÁSSICO – e ainda assim, não tenha sido convocado.

    A verdade é que a faixa de campo com quem ele disputava não era a de Richarlison e Pedro, para a Copa. Mesmo que o Pombo não fosse um camisa 9 clássico, ele jogava nessa faixa no time de Tite, com mais mobilidade.

    Pedro foi para a Copa do Qatar para Tite ter um jogador que fizesse um atacante mais brigador, que fizesse mais tabela, que fosse um pivô e uma boa opção de cabeceio, diferente assim de Richarlison, de Gabriel Jesus, de Neymar ou qualquer falso nove improvisado, incluindo Barbosa.

    A faixa com quem Gabriel disputava, na cabeça de Tite, era com Anthony, Jesus, Raphinha e outros que não foram para a Copa, como Cebolinha (o da época de Benfica) como o próprio Bruno Henrique, entre outros.

    Fato é que Gabigol não convenceu Tite. Paciência. A chave para mudar isso com o mesmo professor Adenor é no Flamengo e é agora. Para melhorar isso só uma alternativa: JOGAR BOLA.

    Os motivos que fazem Gabriel jogar mal podem ser muitos, é até difícil identificar a principal fonte disso.

    Pode ser que ele esteja acomodado, pode ser que esteja passando por um momento difícil sentimentalmente, do qual ele mesmo não assume estar.

    Pode ser também que ele esteja no ocaso da carreira, ainda que seja muito novo, já que completa 28 anos em agosto de 2024. Pode ser que ele esteja entediado e enfastiado.

    Uma possibilidade que eu vejo pouca gente levantando é que talvez ele tenha se acostumado a jogar melhor atrás da área e não como atacante mais agudo.

    Seu último bom momento foi assim e pasme, ele ainda foi o HERÓI e goleador na final do último título de expressão do Flamengo, marcando gol na final da Libertadores de 2022 disputada no Equador.

    Em alguns momentos de 2022 ele até brincava com Arrascaeta e Everton Ribeiro – os dois meias ofensivos titulares, na maior parte daquele ano – dizendo que se tornou concorrente deles.

    Ele jogou algumas vezes criando jogadas e foi muito bem. Basta Tite largar suas teimosias e eventualmente testar ele nessa função, claro, caso ele queira também.

    Gabriel arma bem, tem um passe consideravelmente qualificado. Pode ser cerebral, já que é inteligente taticamente. Seus pecados recentes tem mais a ver com drible, velocidade e senso de colocação na área.

    Talvez Gabi tenha mudado de posição e nem tenha notado. Com os desfalques na Copa América é mais do que natural que ele possa ser utilizado no meio-campo, ainda mais se considerar que ele jogue naquela faixa, claro, se mostrar vontade e não for punido com suspensão no caso do doping.

    Com De La Cruz e Arrascaeta convocados, sobram duas vagas no meio. O enredo indica que Lorran será bastante utilizado, mas é fato que ele é um garoto. Não dá para apostar que um atleta de 17 anos fará sempre essa função e bem.

    É preciso dividir responsabilidades e usar ele de maneira parcimoniosa e gradativa.

    Considerando que com tantos desfalques, qualquer vitória por “meio a zero” deve ser comemorada como goleada, é URGENTE utilizar Gabriel no meio-campo, ou mais atrás, ao menos em regime de teste.

    Ele perdeu a camisa 10 – merecidamente – mas talvez ele possa dar a volta por cima jogando nessa função, ou ao menos esboçar um “canto do cisne” ou uma última dança/Last Dance, em atenção ao movimento semelhante de Michael Jordan no último ano dele pelo Chicago Bulls, já que Gabigol idolatra ele no ramo do basquete.

    Se ele fizer isso, se tiver pelo menos um lampejo, fazendo boas partidas armando o time nesse regime emergencial, se ajudar o Flamengo a criar jogadas para que Pedro e Cebolinha façam gols, convenhamos, já seria algo sensacional, muito a mais do que ele vem entregando no último ano.

    Há como resgatar um Gabriel Barbosa útil, decisivo e craque, como ele era e como é em essência. Basta ele querer e parte de querer é também se entregar às possibilidades novas.

    Torço para que ele seja útil, ao menos para fechar com sabor positivo sua passagem pelo Mengão, já que no momento, renovar com ele parece algo impossível de acontecer.

    No meio ele pode render, pode suprir uma das vagas retiradas. Em alguns momentos há até como Tite armar um meio de campo com Allan ou Igor Jesus (caso o primeiro siga machucado) com Gerson mais atrás e Gabriel com Lorran armando.

    Em outros, poderia usar Igor e Allan de volante, juntos, para dar mais sustentação defensiva, com Gabriel e Gerson armando, municiando Cebolinha e Pedro. Há várias opções.

    De Tite se espera que hajam variações táticas e de escalação. De Gabriel se espera que se entregue, que mostre vontade e que recupere pelo menos uma fração do futebol que fez apaixonar o torcedor.

    É esperar e torcer para que esse ideal seja em parte alcançado.

    Vamos Flamengo!

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