Exatamente hoje, dia 2 de Dezembro de 2024, completa-se 35 anos do último jogo oficial do Galinho pelo rubro-negro
Qualquer pessoa que pensa em Flamengo, naturalmente pensa em Zico. O camisa 10 Arthur Antunes Coimbra é sinônimo de dedicação, cuidado, amor e esmero ao futebol, especialmente ao Rubro-Negro e essa segunda-feira marca uma data importante, o 35º aniversário da despedida do nosso Messias.
Em 1989, em um Fla-Flu válido pelo campeonato brasileiro, o Flamengo venceu o tricolor por 5×0 no Estádio Municipal de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Histórico
Esse é sem dúvida o maior momento do Estádio Municipal, até hoje, já que foi a despedida oficial de Zico do futebol brasileiro.
Zico ainda voltaria a jogar no Japão, pelo Kashima Antlers, embora seja discutível se aquela era uma época de futebol profissional ou não.
Discussões à parte, o Galinho escolheu o clássico contra o Fluminense para ser a sua última apresentação vestindo vermelho e preto e não decepcionou, marcando o primeiro gol do jogo em uma cobrança perfeita de falta.
No fim da goleada, o dono da festa foi substituído para ser ovacionado por um estádio cheio, apesar de as bilheterias terem registrado apenas 13 mil pagantes.
Ficha técnica:
O Flamengo foi a campo com o goleiro Zé Carlos; defesa formada por Josimar, Luiz Carlos, Rogério e Leonardo; no meio, Júnior, Ailton, Zinho e Zico; no ataque, Bujica e Renato Gaúcho.
Entraram Marcelinho Carioca no lugar e Leonardo e Uidemar no lugar do camisa 10. O técnico era o saudoso Valdir Espynoza
O Fluminense de Telê Santana foi a campo com Ricardo Pinto; Carlos André, Edson, Alexandre Torres e Marcelo Barreto; Donizetti, Vitor, Vander Luis e Marcelo Henrique; Sílvio e Rinaldo.
Os gols foram de Zico, Renato Gaúcho, Zinho, Uidemar e Bujica.
Moraes Moreira
Há um episódio do cancioneiro popular bastante emblemático, sobre a saudade e a dor de despedida de Zico.
Estamos falando da música Saudades do Galinho, do músico, multi-instrumentista e poeta Moraes Moreira.
Composta para o disco Pintando o Oito, lançada em 1983, foi feita por ocasião da primeira saída de Zico do Flamengo, quando rumou para a Itália aos 30 anos, para jogar pela alvinegra Udinese.
Nos versos mais conhecidos, se destaca:
E agora como é que eu fico
nas tardes de domingo
Sem Zico no Maracanã
Agora como é que eu me vingo
de toda derrota da vida
Se a cada gol do Flamengo
Eu me sentia um vencedor
Esse é o início da música, que se repete em bis, como um lamento, pela perda da referência, do principal jogador, do homem que evocava o lúdico e ajudava a driblar a sensação de sofrimento pelo qual passa o torcedor comum.
O descamisado, o pobre, o trabalhador, o desempregado, o desalentado, o homem que estava todo dia de pé em regimes de trabalho terríveis, passando necessidade, não tendo alento, esse sujeito tinha um alento, ao ver o camisa 10.
Zico era um despiste da pobreza, uma figura de referência, era assim para Moraes e para toda uma Nação.
A música abaixo.
Ainda haveria algum tempo depois, outra chance do torcedor dar adeus ao craque, claro, no seu campo favorito, o templo máximo do futebol majestoso do Galinho.
A despedida no Maracanã
No dia 6 de fevereiro de 1990, em um amistoso contra um combinado de grandes estrelas nacionais e internacionais, Zico foi recebido por mais de 95 mil torcedores, com show de luzes e muita pompa.
O placar foi 2 a 2, com Zico jogando claro, pelo Flamengo. O time foi escalado com Raul (Cantarele), Nei Dias, Leandro, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico.
O adversário, chamado WORLD CUP MASTERS I tinha Taffarel, Gentile, Edinho, Krol e Breitner; Falcão, Causio e Mario Kempes; Valdano (Hansi Muller), Roberto Dinamite e Rummenigge. Os treinadores foram Sebastião Lazaroni (que dirigiu a seleção brasileira em 1990) Telê Santana, Edu Coimbra (o irmão do homem) e o tri Carlos Alberto Torres.
Sinônimo de gol e de alegria
Todas as palavras para Zico são poucas, seja pela pessoa maravilhosa que ele é fora de campo, como pelo jogador que foi no gramado.
Tentar falar dele é sempre injusto, por isso, faço minhas as palavras de Jorge Ben, em O Camisa 10 da Gávea:
Ele tem uma dinâmica física, rica rítmica
Seus reflexos lúcidos
Lançamentos, dribles desconcertantes
Chutes maliciosos são como flashes eletrizantes
Vale lembrar que o cantor e compositor lançou essa música em 1976, antes do estouro de títulos de Zico, já que o primeiro Campeonato Brasileiro de Zico foi em 1980.
Gênios antecipam acontecimentos, como Jorge. Gênios antecipam jogadas e mitologias, como Zico fez.
Todo louvou a Arthur Antunes é pouco e sempre será.
Vamos Flamengo!