Argentino reconhecido por ser a mais cara contratação da história do Flamengo é negociado por empréstimo junto ao Everton.
Nesse sexta-feira, após a boa vitória do time B do Flamengo, torcida, imprensa e fanáticos pelo esporte ficaram surpresos com o anúncio de que Carlos “Charly” Alcaraz não faz mais parte do elenco do time rubro-negro.
Destaque no jogo de ontem contra o Sampaio Corrêa, tendo inclusive marcado um dos dois gols da partida, o argentino foi negociado para o time azul de Liverpool, com compromisso de compra estipulado. Os valores não foram divulgados, provavelmente não serão, não de forma oficial pelo menos.
Nesse artigo refletiremos um pouco sobre o aproveitamento do atleta no Flamengo, as expectativas cumpridas e não cumpridas e sobre como isso influencia a vinda ou não de Jorginho.
O negócio, o dinheiro e o sub aproveitamento
Esse jornalista não gosta de ficar falando em valores monterários pagos ou negociados, ainda mais no presente (fosse no passado, como a postagem sobre o lado financeiro da negociação de Romário, tudo bem) mas é um dado concreto que o Flamengo gastou muito dinheiro com o meio-campista argentino.
Alcaraz é a contratação mais cara da história do Flamengo.Naturalmente, um jogador assim deveria ser utilizado, mas a grande pergunta é: em que parte ou faixa do campo?
Alcaraz sempre jogou na parte mais atrás do meio de campo. Apesar de técnico e habilidoso, ele jogava em funções que incluíam marcação, ou seja, não é exatamente um armador, embora tenha sido testado na função.
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Também jogou de falso nove nesse ano, na pré-temporada, em trecho do jogo contra o São Paulo.
Muitos torcedores queriam que ele fosse uma opção no banco para Arrasca, mas Charley jamais conseguiu chegar em condição real de fazer essa função.
Se um dos atletas do elenco atual poderia ser puxado para a opção de armador, certamente seria De La Cruz, não ele, ou até Gerson, que é o mais versátil dos atletas ofensivos do Flamengo.
Surpreendentemente o negócio foi fechado sem que houvessem grandes especulações. Quando setoristas e jornalistas falaram sobre, o negócio estava fechado e até anunciado.
A Nota oficial
O Flamengo emitiu uma nota a respeito da negociação do atleta, confira:
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Quem também falou de maneira oficial foi o diretor de futebol do clube, o português José Boto:
A decisão de negociar o Alcaraz foi tomada após uma análise detalhada, considerando tanto a visão da comissão técnica quanto os interesses do clube. Trata-se de um grande jogador, mas, dentro do modelo de jogo adotado, entendemos que ele teria poucas oportunidades para desempenhar seu melhor futebol. A negociação garante uma boa oportunidade para o atleta seguir sua carreira com mais protagonismo e, ao mesmo tempo, respeita a estratégia financeira e esportiva do clube.
Como a janela da Premier League fecharia logo, a ideia foi negociar o jogador por empréstimo, com obrigação de compra segundo metas fáceis de bater.
Pelo que jornalistas tarimbados falam – incluindo Venê Casagrande – seria por um valor inferior ao pago pelo Flamengo, mas quase o mesmo.
Ainda não há uma resposta exata sobre o dinheiro, nem mesmo em matéria de especulação.
Na prática seria: Jorginho por Alcaraz
Foi amplamente comentado que José Boto conversou com alguns representantes do Jorginho esses dias. A grande questão é, com quem Boto conversou?
Jorginho é um atleta ítalo brasileiro, que mora em Londres. Podem ter muitos procuradores verdadeiros com ele, inclusive gente que super valoriza a própria importância nesse tipo de negócio.
Como o atual diretor de futebol é recém-chegado ao futebol nacional, não seria difícil ser enrolado por alguém, já que possivelmente falta malandragem a ele.
Ainda assim seria leviano achar que só por ser novato, Boto seria engabelado por alguém. É dado que o diretor está convencido de que Jorginho virá, ainda não se sabe exatamente quando, mas, no entendimento do português, Jorginho virá.
O italiano joga pela mesma faixa do Alcaraz, ou seja, já vem pra disputar vaga com o De La Cruz e com Pulgar (Jorginho já jogou de primeiro volante, funçao essa que Alcaraz não faz bem) dois jogadores bons, caros, presentes nas convocações de suas seleções.
Alcaraz é caro, já está no banco e ainda vai ficar mais preso ainda a ele? Mesmo que Jorginho só consiga liberação para o meio do ano, já que o Arsenal está vivo nas competições, certamente Charly sofreria com a reserva.
Possibilidade de revanchismo?
Conversando com amigos flamenguistas, fui acusado de ser otimista demais ao fazer a análise acima.
A maior parte deles defendeu que, na verdade, essa pode ter sido uma atitude de revanche pessoal do atual presidente com a antiga gestão, já que Alcaraz foi um dos grandes e caros reforços da janela de meio de ano.
Ora, se falava – eu incluso, como dissemos na última live do Voz do Ninho – que era preciso dar minutos a Charly, mas como se faria isso, tendo no elenco atletas que são caros também e já titulares, como De La Cruz que faz atualmente a posição de Alcaraz também Gerson, que joga mais à frente, mas consegue ser volante, com Allan se recuperando e com a eventual chegada de Jorginho?
O argentino era um ativo caro, que se desvalorizaria demais com o tempo. Se havia um momento para negociar era agora, onde ainda existe uma boa memória dele na Europa. A espera poderia piorar tudo, inviabilizar uma possível negociação.
Não tenho lado político no Flamengo, acho que todos os presidentes tem seus prós e contras, erraram e acertaram muito, incluindo Luiz Eduardo Baptista, o BAP.
Me recuso a acreditar que ele faria uma negociação só para desautorizar o presidente anterior, embora ele tenha demitido em massa, até departamentos inteiros, mas daí a negociar um jogador só por ser da Era Landim…se essa foi a mentalidade, vai sobrar demissão, já que o elenco inteiro foi contratado pelo presidente anterior, alguns até com BAP na equipe.
Mas se de fato isso influenciou a decisão final, é hora de recuar e pensar como adulto, de tomar decisões baseadas em pragmatismo e em planejamento.
De qualquer forma, negociar um ativo caro e que tinha tudo para vir bem esse ano, em nome de um jogador de talento inegável mas que é mais velho, é rifar o futuro para garantir o presente, de maneira muito semelhante ao que fazia Marcos Braz.
E se José Boto fechar mesmo a contratação de Jorginho antes da janela de meio de ano, será uma ação elogiável, mas ainda assim preocupante. O português foi contratado por ser especialista em scout, por ser um sujeito que contrata jovens e os vende bem.
Trazer jogadores consagrados é o óbvio, qualquer um faria isso. Considerando que o mercado brasileiro está inflado, tudo tende a ficar mais caro, mesmo que não se pague multa.
Em breve voltamos com mais informações.
Vamos Flamengo!