Após derrota vergonhosa por 4×1 contra o Botafogo, o time do Flamengo precisa se recompor, já que quinta-feira tem uma decisão – a mais importante do ano até agora – além de toda a sequência da temporada, incluindo esse mesmo Campeonato Brasileiro.
A fritura do técnico Adenor Bacchi aumenta.
Tite faz um trabalho que é avaliado entre o razoável e ruim pela maioria dos cronistas esportivos – esse analista considera o desempenho no limite do OK, visto os desfalques e a maratona de jogos – e é mega criticado pela torcida.
No entanto, uma eventual demissão significaria alguma opção possivelmente pior que a atual, com favoritismo para uma aposta em Fernando Diniz, atual campeão da Libertadores, cujo trabalho foi bem criticado nos últimos meses de Fluminense.
Fato é que o treinador precisa refletir e agir rápido. Fora que parte da escolha por ter um elenco mais reduzido é também de Tite e de sua comissão.
Volume de jogos
O Flamengo está em uma maratona de jogos e isso já se sabia. Não é novidade alguma.
Muitas vezes isso é usado como muleta. É evidente que o volume alto de jogos atrapalha e é igualmente óbvio que o Flamengo teve menos tempo para se recuperar da rodada de meio de semana, já que pegou o Bolívar quinta, pela Libertadores, enquanto o Botafogo jogou quarta.
A questão é que não é exclusividade do Flamengo isso. Até pouco tempo o time alvinegro também estava em três competições.
Até agora o Botafogo jogou mais que o Flamengo, já que disputou a pré-Libertadores e mesmo não tendo classificado para o quadrangular do Campeonato Carioca, foi para a Taça Rio
A diferença básica foram as contratações, que no caso do time de Artur Jorge, funcionam maravilhosamente, tanto que três gols do Botafogo ontem foram de contratações recentes, enquanto no time de Tite inexistem, ao menos na janela de meio de ano.
A Janela
O Botafogo contratou bem no início do ano, gastou bastante, trouxe Luiz Henrique em preço recorde, mesmo que ele seja um ativo para outro time (para o Lyon, provavelmente) mas vá lá, ele joga pelo Botafogo.
Fato é que haviam jogadores novos e renovados, como Igor Jesus e Matheus Martins.
Flamengo não teve isso, ao contrário, ao invés de ganhar jogadores, perdeu, por conta de problemas físicos.
Flamengo está praticamente fechado com Michael, que viria para a posição de Everton Cebolinha, que só deve voltar ano que vem.
Os vencimentos do atacante serão altos, provavelmente na casa de salário de Bruno Henrique, ao menos segundo informação dada ontem pelo canal Mauro Cezar Pereira.
O reforço é providencial, mas é preciso mais. Sinceramente, é preciso ter jogadores que façam a função de lateral direito e esquerdo, ainda mais com a saída de Wesley.
Precisa de QUALQUER jogador que faça a função e não um “gênio da raça”, um novo Cafu e Roberto Carlos e sim alguém que faça o trabalho. Que busque na Série B ou campeonatos menores, é preciso ter jogadores na função.
Não dá para demorar eras para contratar, como foi com Leo Ortiz ou Viña, até por conta de Tite demorar a colocar eles em campo, graças a lenta progressão de sua hierarquia para a titularidade, teimosia essa irritante demais, diga-se.
É preciso criatividade e não parar sempre nos mesmos nomes, como Thiago Mendes, Claudinho, Wendel. Se o volante Carlos Alcaraz está difícil por agora, é melhor mirar forças em outro jogador, para tentar pegar o argentino em outro momento.
Qual é a responsabilidade de médicos e preparação física
O preparador físico Fábio Mahseredjian e o médico Marcio Tannure precisam explicar o número grande de desfalques, os problemas de lesão e questões físicas péssimas.
Tempos atrás Tite e sua comissão evocaram a ciência para justificar o fato de jogadores como Arrascaeta não jogarem, no início da fase de grupos da Libertadores. Quem discordava da comissão era tratado até como negacionista.
Se serviu para abonar a comissão técnica na época, quando foi questionada pela ausência do uruguaio e de outros atletas, tem que servir para cobrar.
É parte do trabalho desses profissionais prever lesões e a possibilidades delas acontecerem, deles e de suas respectivas equipes.
É preciso priorizar competições e se o Flamengo seguir vivo após o jogo na Bolívia, é Libertadores e campeonato brasileiro. Infelizmente, a essa altura, a Copa do Brasil pouco importa ou importa menos, deveria, pelo menos.
Flamengo só jogará a Libertadores, depois de quinta, na faixa de 18 de setembro, daqui há quase um mês.
Dá para recompor, possivelmente para recuperar Pedro e Arrascaeta, mas também não dá para desgastar eles, com jogos de mata-mata que exigem muito dos atletas, o mesmo se pode dizer também de Gerson, que está jogando direto, incluindo a maratona de 9 jogos durante a fase da Copa América.
O uso dos garotos
Tite também precisa utilizar os meninos. Quando o nigeriano Shola terá chances?
Quando o zagueiro Iago, que foi dupla de Vitor Reis nas seleções de base vai ter chance? Seu companheiro de zaga na seleção sub-20, Vitor Reis, é utilizado no Palmeiras, sendo até titular no time de Abel Ferreira.
Quando Cleiton, que Tite chama de Bahia, vai ter chances? Jogou com Vitor Pereira e Paulo Sousa, joga pela esquerda, até na lateral foi testado, vive sendo elogiado, mas jamais joga.
Quando Lorran terá mais minutos? Ele é jovem, jogou bem alguns jogos na função de Arrasca, mas pode ser testado na função de ponta também. Não são funções que se anulam.
É preciso que Tite e equipe se atentem a isso. Se não, o risco de ficar longe do líder no brasileiro e de perder a vaga na Libertadores se torna realidade.
Mais um ano sem título de expressão é demais, ainda mais com uma equipe técnica cara e com um elenco tão estrelado. Flamengo não pode ter tantos desfalques.
É esperar para ver.
Vamos Flamengo.