“Falácia”, afirma conselheiros sobre discurso de Landim!
Conselheiros do Flamengo redigiram carta detonando o discurso do presidente Rodolfo Landim que teima em insistir sobre o tema SAF. O texto é assinado por Walter Monteiro, Carlos de Oliveira Ferrão e Gilberto de Oliveira Barros. Desta forma, os redatores chamaram de “falácia” o argumento de Landim projetando o Clube da Gávea com o mesmo poder de direção após venda de futuras ações. Em um dos trechos, o trio reitera que o Flamengo jamais terá dono: “O Flamengo não é do Leblon, o Flamengo é do Brasil. O Flamengo não é de poucos, o Flamengo é de milhões”. Veja a carta na íntegra:
O FLAMENGO NÃO TEM DONO E NUNCA TERÁ! AO INVÉS DE SAF, MAIS ASSOCIADOS.
De tempos em tempos a Nação Rubro-Negra é ameaçada por insinuações de que seu atual presidente deseja transferir o futebol do Flamengo para uma Sociedade Anônima do Futebol.
Valendo-se de um argumento falacioso – qual seja, que nessa futura SAF o Clube de Regatas do Flamengo seria o seu acionista controlador e com isso “nada mudaria” – e ao mesmo tempo acenando com supostas vantagens ligadas à construção de um estádio próprio, Landim retoma o assunto, na esperança de derrubar quem ainda se opõe à transferência dos seus sonhos.
Com todos os seus percalços e óbvias necessidades de melhoria, especialmente no que diz respeito à superação do amadorismo, há quase 130 anos o Clube de Regatas do Flamengo tem o seu destino nas mãos de quem a ele se associa. Há mais de 40 anos seus dirigentes são escolhidos por votação direta a cada 3 anos e qualquer sócio proprietário pode integrar seu Conselho Deliberativo, órgão a quem o estatuto delega várias decisões cruciais.
Já em uma SAF as decisões passariam para a esfera de um Conselho formado por poucas pessoas (em geral 5 ou 7 membros). O poder político dos associados do Flamengo se limitaria a escolher esses apaniguados, que constituiriam uma governaça totalmente apartado do Clube.
O Flamengo é poderoso e invejado porque é plural, democrático, acolhedor. Quem deseja uma SAF sonha com um Flamengo monolítico, concentrador, elitizado, aberto apenas a quem só sabe dizer amém ao patriarca.
Todos sonhamos com um estádio próprio e para isso podemos – ou melhor, devemos – buscar parceiros, investidores, acionistas de uma sociedade com esse objetivo específico, mas de modo algum iremos renunciar à soberania de construir nosso futuro coletivamente, que é a razão do sucesso de nossa vitoriosa jornada desde 1895.
Em 2024 os associados do Flamengo estarão diante da escolha mais importante de sua centenária história: de um lado, há os que sorrateiramente agem para tornar o Flamengo para si e passar a decidir o nosso destino a portas fechadas; do outro, há os que resistem ao sequestro de nossa alma e que sugerem o caminho inverso: quanto mais associados, melhor.
O Flamengo não é do Leblon, o Flamengo é do Brasil. O Flamengo não é de poucos, o Flamengo é de milhões.
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SRN
Sílvia Lima