Em 27 de janeiro de 1995, Romário estreava pelo time do Flamengo, em amistoso disputado no Serra Dourada
Após pompa e circunstância, Romário foi apresentado no Flamengo em janeiro de 1995, 30 anos atrás. Falamos a respeito desse momento, também comentamos sobre o lado financeiro da negociação e já destacamos algumas frases marcantes do artilheiro, sobretudo ao falar do Flamengo e de sua torcida. Hoje é dia de comentar sua estreia com a camisa vermelha e preta.
Em 27 de janeiro, no estádio Serra Dourada, Romário estreava em amistoso bastante peculiar, contra a seleção uruguaia.
A partida terminou empatada em 1 a 1 e a torcida se irritou bastante com o desempenho do time rubro-negro, sobretudo com o atleta dono da festa, o até então melhor do mundo Romário.
Falaremos mais detalhadamente a seguir.
Os times
O time do Flamengo entrou em campo com Adriano no gol; Charles, Gelson (Jorge Luis 46′) Agnaldo e Branco (Gustavo); no meio de campo jogaram Marquinhos, Fabinho, Nelio e Mazinho (Hugo); Romário (Rogers) e Savio. O treinador era o “pofexô” (SIC) Vanderlei Luxemburgo.
Outra estreias além de Romário
Como 1995 era o ano do centenário do Flamengo, outros reforços estrearam nessa partida.
O lateral-esquerdo Branco, que também era titular da seleção campeã do mundo, começou jogando. Mazinho, outro tetra também jogou, além do zagueiro Agnaldo, ex-Grêmio. Já Jorge Luís, zagueiro contratado ao Guarani, entrou no segundo tempo.
Confira alguns trechos da partida, com narração do saudoso Silvio Luiz.
Vale lembrar que o zagueiro Gélson, que até então era titular, ficou bastante insatisfeito com a chegada de Jorge Luís, já que ele não queria deixar o time titular. Curiosamente, nessa partida ele começou entre os 11 iniciais, enquanto Jorge entrou depois, em seu lugar.
Vaias para Romário
A estreia do atacante foi tímida. Sem marcar, o Baixinho deixou o gramado bastante vaiado pelos torcedores.
Ele saiu aos 31 minutos do segundo tempo, reclamando de dores no lado esquerdo do quadril. Após o jogo, afirmou não ter se importado com as vaias:
Futebol é assim. O bonito é isso, há o aplauso e a vaia. O torcedor esperava o gol do Romário. Não ocorreu. Sempre estarei do lado do torcedor.
Coincidência ou não, momentos como esse se tornariam frequentes na passagem de Romário pelo Flamengo. Ele conviveria com dores e contusões ao longo do tempo que permaneceu na Gávea, inclusive em épocas decisivas, em disputas de títulos.
Esperança financeira
Como dito antes, na nossa análise a respeito da façanha financeira para trazer Romário, a esperança do presidente Kleber Leite era que, formando um “supertime”, o Flamengo se recuperaria naturalmente das dívidas que vinha acumulando.
Esse tipo de engenharia foi feita inúmeras vezes ao longos dos anos, com uma reunião de empresas que tentaria viabilizar contratações fora do padrão.
Normalmente essa manobra é fracassada. Com Romário a realidade é que o Flamengo se endividou ainda mais.
Em outra aventuras com estrelas de grandeza mundial, como o holandês Clarence Seedorf no Botafogo, Daniel Alves no São Paulo e James Rodríguez no mesmo tricolor, o que se viu foi um endividamento dos clubes, acúmulo de dívidas e retorno técnico que não condiz com o gasto.
Talvez a exceção para esse tipo de operação seja Ronaldo no Corinthians, que conseguiu uma série de patrocínios para a camisa, espalhando marcas pelo uniforme – algo até então inédito nos times grandes e que se tornaria moda, sendo implementado até hoje – mas basicamente para pagar os vencimentos do atacante.
Falamos em “talvez” por conta do mesmo grupo político (Renovação e Transparência) que fez essa negociação ter sido o responsável por contrair dívida imensas ao Corinthians. Talvez eles não sejam os mais confiáveis para falar em austeridade financeira, possivelmente os números foram mascarados ou maquiados.
Coincidência de Romário e Neymar
Cabe a ironia de, nesse mesmo dia 27 de janeiro, trinta anos depois da estreia de Romário no Brasil e pelo Flamengo, chegar o anúncio de que o craque Neymar saiu do Al Hilal da Arábia Saudita, provavelmente rumo ao Santos.
O alvinegro praiano, em condições normais, não conseguiria pagar os vencimentos do craque e estrela.
Claro que a essa altura, o acordo ainda é embrionário, não há nada oficial quanto ao destino do atacante, mas é quase certo que ele retornará ao clube que o revelou. O futuro dirá se valeu a pena o investimento e a aventura entre jogador e clube.
Rendimentos de Flamengo e Uruguai
O Flamengo vendeu 65 mil ingressos para o jogo. O preço da entrada era de R$ 10, bilheteria mais transmissão pela TV e publicidade deveriam render ao clube cerca de US$ 1 milhão, segundo Kleber Leite, valor esse que era aproximadamente um quinto do valor de compra de Romário.
O Baixinho fez suas peripécias no Flamengo, teve outros capítulos de glórias e derrotas. Retornaremos em breve, falando de outros episódios de sua jornada no rubro-negro.
Vamos Flamengo
Confira as nossas postagens especiais sobre a chegada de Romário ao Flamengo:
Parte 1: A Chegada
Parte 2: A Parte Financeira
Parte 3: O Frasista
Parte 4 : A Estreia
Parte 5 : O Primeiro jogo no Maracanã
Parte 6: O Primeiro gol de Romário pelo Flamengo